
Já presa, Aasyia Noreen, conhecida como Asia Bibi, continua sofrendo
maus tratos, e embora suas acusadoras tenham retirado a queixa de
blasfêmia, o governo se recusa a libertá-la temendo os protestos da população, que é 97% muçulmana.
Asia Bibi tem 42 anos e cinco filhos, e desde que foi presa seu
estado de saúde tem se degradado aos poucos. Para buscar uma forma de
contar seu drama, ditou suas memórias do incidente para o marido,
enquanto ele o visitava na cela. Os manuscritos foram repassados para
uma jornalista francesa, que escreverá o livro – que já tem título,
Blasfêmia – e terá 50% da receita destinada a ajudar a família de Asia
Bibi.
Num trecho do livro, Asia questiona o motivo de estar presa: “Eu sou
vítima de uma cruel injustiça coletiva. Eu estive presa, algemada e
acorrentada, banida do mundo e esperando para morrer. Eu não sei quanto
tempo me resta para viver. Toda vez que a porta da minha cela se abre o
meu coração bate mais rápido. Minha vida está nas mãos de Deus e eu não
sei o que vai acontecer comigo. É uma brutal e cruel existência. Mas eu
sou inocente. Eu sou culpada apenas de ser considerada culpada. Estou
começando a me perguntar se ser cristão no Paquistão, hoje, não é apenas
uma falha, ou uma marca contra você, mas na verdade, um crime”, relata
Asia, de acordo com o New York Post.
“Mas se eu vou ser mantida em uma minúscula cela sem janelas, eu
quero que a minha voz e minha raiva seja ouvida. Eu quero que o mundo
inteiro saiba que eu vou ser enforcada por ajudar meu vizinho. Eu sou
culpada de ter mostrado alguém simpatia. O que eu fiz de errado? Eu bebi
água de um poço pertencente a mulheres muçulmanas, usando a ‘sua’ taça,
no calor ardente do sol do meio-dia”, lamenta a cristã, que
complementa: “Eu, Asia Bibi, fui condenada à morte porque eu estava com
sede. Eu sou uma prisioneira porque eu usei o mesmo copo como as
mulheres muçulmanas, porque a água servida por uma mulher cristã era
considerada impura pelos minhas companheiras estúpidas”.