A revista ISTOÉ que chega às bancas domingo, tem como reportagem de
capa a nomeação do papa Francisco. Mas essa não é a única matéria
focando lideres religiosos.
Os jornalistas investigaram o passado do pastor e deputado Marco Feliciano, lembrando que ele é dono da empresa GMF Consórcios e que até antes de ser eleito aparecia em alguns programas de TV vendendo um consórcio usando o bordão “Realize, em nome de Jesus, o sonho da casa própria”.
Embora
na época tenha dito que era contratado pela empresa, está provado que a
GMF foi criada em 2007 por Feliciano e mais três pastores. O contrato
social leva o nome de sua esposa, Edileusa Feliciano. A atividade é
“administração e representação comercial de consórcios de bens e
direitos”.
O problema não é o pastor ser dono de uma empresa, mas
em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral em 2010, escondeu ser
proprietário da GMF Consórcios. E fez o mesmo com a Cinese (Centro de
Inteligência Espiritual), curso preparatório para concursos que mesmo
fechada em 2009 deveria aparecer na declaração.
Oficialmente,
Marco Feliciano disse ter R$ 634,8 mil de patrimônio, incluindo as
empresas Kakeka Comércio de Brinquedos e Vestuário, Marco Feliciano
Empreendimentos Culturais e Eventos, e Tempo de Avivamento
Empreendimentos. Também possui cinco veículos e oito imóveis.
Segundo
a ISTOÉ, existem seis outros endereços em seu nome. São imóveis nas
cidades paulistas de Orlândia, Ribeirão Preto e São Paulo. Marco e
Edileusa teriam criado empresas em nome de pastores que trabalham com
eles. Depois, eles assinam documentos repassando suas cotas para
Feliciano.
Entre esses “ex-sócios” estão alguns que recebem
salários como assessores pagos pela Câmara mesmo sem botar o pé em
Brasília. Por exemplo, o pastor André Luis de Oliveira recebe cerca de
R$ 7 mil mensais do gabinete de Feliciano, mas mora em São Joaquim da
Barra (SP), onde pastoreia a sede local da Assembleia de Deus Catedral
do Avivamento.
Oliveira é um dos fundadores da GMF Consórcios,
junto com os pastores Rafael Octavio e Joelson Heber Tenório. Octavio
recebe R$ 6 mil todo mês como assessor, mas pastoreia em Franca. Sendo
assessor, Tenório ganha R$ 7 mil, mas na verdade é responsável pela
igreja de Feliciano em Ribeirão Preto. Além disso, é ex-sócio da Grata
Music, gravadora registrada em nome da mulher de Feliciano.
O
presidente da Comissão de Direitos Humanos está enfrentando uma
verdadeira devassa pública em sua vida. Infelizmente, além de pagar
salários de funcionários fantasmas, está sendo investigado se Feliciano
usou sua verba de gabinete para pagar advogados de suas empresas.
Rafael
Novaes, por exemplo, representa a empresa Marco Feliciano
Empreendimentos Culturais no processo de estelionato aberto por uma
empresária gaúcha contra o deputado. O nome do advogado Matheus Bauer
aparece na folha de pagamento da Câmara, mas na verdade trabalha para o
escritório de advocacia Favaro e Oliveira, que recebeu mais de R$ 30 mil
da verba indenizatória.
Com a divulgação dessas suspeitas de sonegação e desvios de recursos públicos, em breve Feliciano deve ser investigado pela Comissão de Ética da Câmara. Isso poderá custar seu cargo na Comissão de Direitos Humanos e até o cargo, caso fique provado quebra de decoro.
Com a divulgação dessas suspeitas de sonegação e desvios de recursos públicos, em breve Feliciano deve ser investigado pela Comissão de Ética da Câmara. Isso poderá custar seu cargo na Comissão de Direitos Humanos e até o cargo, caso fique provado quebra de decoro.
Embora tenha evitado a imprensa, nas últimas
semanas Feliciano recebeu desagravo público de vários grupos, de
pastores a militantes LGBTS. Tudo piorou quando decidiu em seu primeiro
dia na presidência da comissão (13), retirar da pauta a discussão sobre
união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Por causa disso, 11
deputados federais recorreram ao Supremo Tribunal Federal tentando
derrubar Feliciano do cargo. Domingos Dutra (PT-MA), que antecedeu o
pastor no cargo, foi enfático: “Apelamos para o Judiciário para impedir
que a comissão se transforme em um centro fundamentalista e
retrógrado”. Com informações Revista IstoÉ.