quarta-feira, 21 de maio de 2014

Exército da Tailândia decreta lei marcial no país

Crise na Tailândia (AP)

O Exército tailandês anunciou a imposição de lei marcial "para preservar a lei e a ordem" em meio a uma crise política no país.
O anúncio surpresa também concedeu ao Exército amplos poderes para impor sua decisão.
Os militares insistiram que a medida não se trata de um golpe de Estado.
A lei marcial ocorre depois de uma longa crise política, e meses de crescentes tensões entre o governo e a oposição.

O assessor-chefe de segurança do primeiro-ministro interino disse que o governo não tinha sido consultado sobre a decisão do Exército.
Um porta-voz do Exército disse que a imposição da lei marcial não terá impacto sobre o governo interino, que permanece no cargo.
Jonathan Head, correspondente da BBC em Bangcoc, disse que o movimento do Exército - que foi justificado como medida para impedir "grupos mal-intencionados de usar armas de guerra" - foi uma surpresa.


Ele disse que o Exército já deixou claro que é responsável pela segurança e a presença de tropas nas ruas deverá ser muito mais comum.
Tropas tomaram medidas para impedir partidários camisetas vermelhas pró-governo de se reunirem em seu lugar habitual nos arredores de Bangkok.

Os militares tailandeses tomaram o poder pela última vez em 2006.'Não há necessidade de pânico'
Um anúncio num canal de televisão militar disse que a lei marcial foi imposta "para restaurar a paz e a ordem para as pessoas de todos os lados".
"O público não precisa entrar em pânico, e pode viver suas vidas normais", disse o anúncio.
A Tailândia está atolada no caos político, com a oposição exigindo que o poder seja entregue a uma administração não-eleita designada a reescrever a Constituição.
O comunicado militar foi assinado pelo chefe do Exército Prayuth Chan- Ocha, citando uma lei de 1914, que lhe permite intervir em tempos de crise.

Ele disse que o movimento foi tomado porque manifestações de massa entre rivais políticos "poderiam afetar a segurança do país e a segurança das vidas e propriedades do público".
Na segunda-feira o primeiro-ministro interino Niwatthamrong Boonsongphaisan insistiu que seu governo não iria renunciar, resistindo à pressão dos manifestantes anti-governo.
No início deste mês, um tribunal ordenou que a primeira-ministra Yingluck Shinawatra e vários ministros renunciassem.

Correspondentes dizem que o impasse na segunda maior economia do sudeste da Ásia piorou desde que Yingluck dissolveu a Câmara baixa do Parlamento em dezembro e um tribunal ordenou sua saída e a remoção de nove ministros no início de maio por abuso de poder.
O país está sem um governo funcionando corretamente desde dezembro e não foi capaz de elaborar um orçamento do Estado.
A imposição da lei marcial poderia enfurecer os apoiadores do governo, especialmente se for visto como um golpe de Estado, segundo correspondentes.
O Exército realizou pelo menos 11 golpes de Estado desde o fim da monarquia absoluta em 1932.
Protestos contra o governo começaram na capital tailandesa no ano passado, com manifestantes bloqueando várias partes da cidade .
Em resposta, Yingluck convocou eleições gerais antecipadas em fevereiro, nas quais seu partido era amplamente visto como ganhador. Mas os manifestantes interromperam a votação e a eleição foi, mais tarde, anulada.

Os partidários de Yingluck acreditam que os tribunais são tendenciosos contra ela e se posicionam a favor da elite urbana no centro do movimento de protesto.
A Tailândia tem enfrentado uma luta pelo poder desde que o irmão de Yingluck, Thaksin Shinawatra, foi deposto pelos militares como primeiro-ministro no golpe de 2006.
Via: BBC