Perto do adversário de 500 anos da Reforma Protestante,
que dividiu a Igreja Católica na Idade Média, pode parecer estranho
ouvir-se as declarações do cardeal Kurt Koch. Ele é presidente do
Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e durante a
XIII Congregação Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização,
deu uma entrevista que está repercutindo em vários círculos teológicos.
Ele afirmou que o Vaticano analisa a possibilidade de ocorrer com
pastores luteranos o mesmo que ocorreu com os pastore anglicanos em
2009.
Desde então, cerca de 100 ex-pastores e 8 ex-bispos anglicanos foram
recebidos e re-ordenados para servir as congregações católicas, cuidando
de um rebanho de aproximadamente 4000 fieis.
Na época do aceite, o documento papal Anglicanorum coetibus
estabeleceu as condições de os sacerdotes da Igreja Anglicana serem
reconhecidos pelos católicos. “O santo padre buscou uma solução que, na
minha opinião, foi bastante aberta, levando em conta que as tradições
eclesiásticas e litúrgicas dos anglicanos foram levadas em consideração.
Se desejos semelhantes são expressos pelos luteranos, então precisamos
refletir sobre eles. No entanto, a iniciativa cabe aos luteranos”.
Caso seja levado adiante, as comunidades anglicanas que desejarem
poderá entrar em plena comunhão com a Santa Sé. O movimento de
aproximação ocorre principalmente na Alemanha. O cardeal lembra que a
“Declaração conjunta sobre da outrina da justificação”, assinada em
Augusta, em 1999, por católicos e luteranos foi um grande passo à frente
no diálogo.
“Resta-nos agora a tarefa de discutir o aspecto eclesiológico desta
declaração conjunta. Sabemos que os evangélicos têm um entendimento
diferente dos católicos sobre a Igreja. Não basta simplesmente
reconhecermos uns aos outros como Igreja. Precisamos de um amplo diálogo
teológico sério sobre o que constitui a essência da Igreja”, disse
Koch.
Koch anunciou que, para 2017, aniversário de quinhentos anos da
Reforma, o Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos está
preparando um comunicado conjunto com a Federação Luterana Mundial.
O cardeal destacou ainda que há um bom diálogo com os membros das
igrejas ortodoxas, que estão bastante envolvidos na preparação de um
sínodo pan-ortodoxo. “Pessoalmente, estou convencido que, quando isso
ocorrer, será um grande passo à frente no diálogo ecumênico. Por isso
nós temos que apoiar os esforços dos ortodoxos e ter paciência. Nas
comissões ecumênicas, continuamos o diálogo teológico sobre a relação
entre a sinodalidade e o primado”, reafirmou.
Durante a entrevista, comentou o cinqüentenário do Concílio Vaticano
II, que trouxe algumas mudanças na compreensão vigente de que a Igreja
Católica é a única igreja. “Tento ver o Conselho igualmente como uma
ruptura, mesmo que de uma maneira muito diferente. O santo padre tem
questionado essa compreensão da hermenêutica conciliar e propôs uma
hermenêutica da reforma, que une a continuidade e renovação”.
Traduzido e adaptado de Catholic Culture, Zenit e Anglicanink