O cantor e compositor João Alexandre, cujas canções são entoadas em
diversas igrejas evangélicas brasileiras declarou pelo Facebook que não
faz mais parte do movimento gospel brasileiro, que ele chama de
“importado”.
“Por favor, quando alguém se referir a mim ou ao meu trabalho, não
utilize esta forma de me definir e nem me inclua dentro desse
“idiotizado” mercado, pelo bem da verdadeira Música Cristã Brasileira e
de seus honrados e dedicados compositores, artistas
e poetas que, assim como eu, sobrevivem, a duras penas, de seus
talentos e trabalhos, nadando na contramão da escravidão imposta pela
grande mídia!”, escreveu.
Segundo o compositor presbiteriano, o termo “gospel” tomou um
significado que remete à exposição dos artistas e aos altos cachês. “O
termo ‘Gospel’ tem uma conotação mercadológica baseada na fama, na grana
e na idolatria de artistas, bandas, gravadoras, formatos musicais,
mensagens positivistas, entre outras distorções que variam conforme a
conveniência dos tempos e dos “bolsos” dos brasileiros, cristãos ou
não!”.
Não é de hoje que o movimento gospel é criticado por diversos líderes
religiosos como sendo uma abertura ao mundanismo dentro das igrejas,
além de ser associado à baixa qualidade musical.
O reverendo Augustus Nicodemus, professor de Novo Testamento do
Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, postou em seu blog
sua opinião a respeito disso.
“O movimento ‘gospel’ recentemente mostrou sua popularidade ao ter o festival Promessas
veiculado pela emissora de maior audiência do país. Não me preocupa
tanto o fato de que a Rede Globo exibiu o show, mas a mensagem que foi
passada ali”, disse o teólogo, e continuou: “a teologia gospel confunde
‘adoração’ com pregação, exalta o louvor como o principal elemento do
culto público, anuncia um evangelho que não chama pecadores e crentes ao
arrependimento e mudança de vida, que promete vitórias mediante o
louvor e a declaração de frases de efeito e que ignora boa parte do que a
Bíblia ensina sobre humildade, modéstia, sobriedade e separação do
mundo”, considerou Nicodemus.
Para o estudioso, os shows gospel se tornaram a única forma de culto
para muitos jovens. Ele prevê que o impacto negativo e a
superficialidade desse movimento será sentida na próxima geração
“especialmente na incapacidade de impedir a entrada de falsos
ensinamentos e doutrinas erradas”.
As canções evangélicas que fazem parte desse movimento deixaram de
ser executadas somente nas igrejas e passaram a ser transmitidas em
rádios seculares e até em grande emissoras de TV.
A TV Globo, em 2011, reservou 75 minutos de sua programação de final
de ano para veicular o Festival Promessas, transmitindo os shows de
conhecidos artistas do meio. A boa audiência obtida com a primeira
experiência já fez a emissora programar para 2012 um novo especial do
festival de música gospel.
Nicodemus analisa ainda o conteúdo das canções gospel. “São cânticos
permeados de conceitos arminianos, neopentecostais, da teologia da
prosperidade e da batalha espiritual”, explica.
João Alexandre terminou sua postagem na rede social dizendo que pretende primar pela honestidade em seu trabalho.
“Quero como qualquer músico que busca a excelência, fazer o melhor
que posso com aquilo que tenho, de forma honesta e verdadeira, dormir
com a consciência tranquila de que cumpro a missão que Deus me deu (de
cantar sempre a Verdade!) e agradecer todos os dias a Ele por aqueles
que me deixam fazer parte de seus ouvidos e de suas existências!
Ele termina com um pedido para quem concorda com ele que compartilhem
a mensagem. “Se vc está no meu time, compartilhe! Se não, me perdoe!”