Cerca de 5 mil membros da facção ortodoxa Eda Haredi protestaram em
Jerusalém contra a mudança na lei do serviço militar. Os membros do
grupo extremista não reconhecem o direito do governo secular sobre eles.
O protesto começou com um período de orações e continuou com crianças
muito jovens marchando acorrentadas umas às outras e carregando
cartazes que diziam: “Salve-me”.
O protesto ocorreu um dia antes de chegar ao fim a maior coalizão
governista da história de Israel. Nesta terça-feira (17), apenas 70 dias
após se aliar ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o partido
centrista Kadima, abandonou oficialmente o governo.
O motivo do rompimento é justamente as divergências entre os dois
partidos sobre as modificações na lei de recrutamento para o Exército.
Com o fim dessa coalizão, novas eleições podem ser convocadas para
janeiro de 2013, nove meses antes do fim do mandato de Netanyahu.
Em fevereiro deste ano, a Suprema Corte de Israel declarou
inconstitucional a Lei Tal, que permitia que os homens ortodoxos haredim
pudessem adiar indefinidamente o serviço militar, fixando para 01 de
agosto o prazo para uma nova lei mais igualitária ser aprovada. A Lei
Tal existe desde a fundação de Israel, e desobriga judeus ultraortodoxos
do serviço militar desde que eles estejam realizando estudos
religiosos.
Para o Kadima, essas reformas propostas por Netanyahu não eram
suficientes. Netanyahu queria que 50% dos ultraortodoxos com idade entre
18 e 23 anos fossem convocados e também que 50% dos religiosos com
idade entre 23 e 26 anos fossem recrutados para o serviço civil
nacional.
Embora a proposta tenha sido aceita pelos diversos partidos
religiosos que apoiam Netanyahu, o Kadima desejava que, nos próximos
quatro anos, pelo menos 80% dos ultraortodoxos fossem convocados.
Para os setores mais secularizados da população judaica, a isenção
aos religiosos é errada, pois eles não compartilham a obrigação de
proteger o país. Mas, ao mesmo tempo, são eles que formam a maioria da
população dos assentamentos montados em terras disputadas com os
palestinos.
Os ortodoxos alegam que o estudo religioso substitui o serviço
militar, pois é parte fundamental da defesa do Estado. Existe entre os
ortodoxos alguns grupos antissionistas, que rejeitam a existência do
Estado judeu e, por isso não se submetem ao serviço militar. Quando o
atual estado de Israel foi criado, os ultraortodoxos eram uma minoria da
população. Porém, hoje, graças a uma elevada natalidade, essa
comunidade representa 15% dos habitantes de Israel.
Analistas acreditam que o desejo do primeiro-ministro em aumentar o
efetivo militar é mais um passo na preparação para uma guerra iminente
com o Irã.
Traduzido de Euro News e Forward