Nas últimas três semanas, 14 jovens foram apedrejados até a morte em
Bagdá como parte de uma campanha de militantes xiitas contra
adolescentes que se vestem como “emos”.
Os radicais muçulmanos distribuíram listas identificando mais jovens
marcados para serem mortos, caso não mudem o estilo de suas roupas.
As mortes começaram depois que o Ministério do Interior do Iraque
chamou atenção, mês passado, para a cultura “emo”. Para as autoridades
religiosas, esse é um tipo de “satanismo” e ordenaram que a polícia
comunitária combata essa nova moda dos jovens.
O folheto distribuído em bairros xiitas traziam 24 nomes de jovens
marcados para morrer. “Nós alertamos vocês e todos os homens e mulheres
obscenos. Se você não mudar esse comportamento sujo dentro de quatro
dias, a punição de Deus descerá até você pelas mãos dos Mujahideen”.
Outro folheto similar listava 20 nomes e alertava: “Nós somos as
Brigadas do Ódio. Estamos avisando, se vocês não voltarem à sanidade e
ao caminho certo, serão mortos”.
Os 14 corpos foram levados a três hospitais de Bagdá com ferimentos
fatais feitos por pedras ou tijolos, segundo fontes que preferiram não
se identificar.
“Semana passada, assinei atestados de óbito de três jovens, e a causa
das mortes foram graves fraturas no crânio. Uma pancada muito forte na
cabeça causou as fraturas, rompendo totalmente o crânio das vítimas”,
explicou um médico do hospital al-Kindi.
Outros jovens, incluindo duas mulheres na casa dos 20 anos, foram
internados com espancamentos que foram vistos como “sinais de alerta”,
segundo as mesmas fontes.
Os “emos” são um movimento que ficou popular nos Estados Unidos. Seus
fãs são reconhecidos pelo tipo de roupas que usam, geralmente são
calças justas e camisetas com nomes de bandas do chamado emo-core e
também pelos cortes de cabelo característicos.
Além dos “emos”, as brigadas do ódio têm assassinado jovens LGBT,
chamando-os de “adúlteros, satanistas, vampiros e sexualmente
depravados”.
Cartazes contendo ameaças aos homossexuais foram colocados em cafés e
nas esquinas das ruas de Bagdá. Os assassinatos de jovens emos e LGBT
ocorreram nos distritos de Sadr, Chaala, Albaladiat, Bagdá Al-Jadedah,
Karadah e Kadhymia. O número de vítimas pode chegar a uma centena.
Um ativista LGBT iraquiano relatou que além de apedrejamento até a
morte, outro método de execução é empurrá-los de cima de edifícios
altos.
Há relatos que cinco sobreviventes foram assassinados dentro de
hospitais. Acredita-se que alguns funcionários podem estar envolvidos ou
terem facilitado os assassinatos.
Segundo organizações LGBT pelo menos 45 vítimas homens gays foram mortos este ano. O canal de TV
Al-Sharqiya afirma que há registros de 90 mortes, na maioria jovens e
mulheres acusados de “comportamento imoral”. As mortes são atribuídas a
grupos como Jaish Al-Mahdi (Exército de Mahdi) e Asa’ib Ahl al-Haq (Liga
dos Justos).
O coronel Mushtaq Taleb Muhammadawi, diretor da polícia comunitária
do Ministério do Interior iraquiano, declarou ao Iraque Network News que
a polícia tem a aprovação oficial para eliminar emos e homossexuais por
terem “efeitos danosos sobre a comunidade”.
O site de notícias iraquiano Alakhbar.org divulgou que há um “estado
de pânico viral entre os estudantes e jovens com medo de serem
sequestrados, torturados e mortos a sangue frio por causa da forma como
se vestem ou penteiam os cabelos”.
Traduzido e adaptado de Wnep e Pink News